
Entretanto todos sabemos que todas as certezas da vida têm um pouco de dúvida dentro de si, e essa não seria diferente. Mesmo confiando plenamente nele, sabendo que tudo era perfeito e que eu jamais lhe dei motivo para não gostar de mim ou não me querer mais, eu simplesmente não sei, mas só quando todas as luzes se apagaram, que eu vi como era ruim não enxergar.
Eu estava cega de amor, meu coração bloqueava meus olhos para fugir da realidade e por isso, eu só enxergava o que era realmente agradável, nada menos convincente não? Porém, a verdade não era nem um pouco próxima do que meus olhos me mostravam, o oposto, era cruelmente diferente e me derrubou em uma fração de segundos. O que eu via era lindo e colorido, havia eu e ele bem, sem brigas em todos os episódios, sem exceção. Infelizmente o que acontecia na realidade era cruel, um caos. Várias brigas horríveis e tensas, o meu coração se rachava mais a cada segundo, e as flores morriam ao meu redor, a energia que havia perto de nós era tão negativa que fazia tudo despencar ao meu lado.
Quando pude realmente ver o que acontecia – e não só sonhar com o que eu queria que acontecesse – eu vi que não havia nem um pouco de certeza em mim, ele não era meu. Aquele cabelo castanho claro, as feições perfeitamente desenhadas, o lábio em formato do meu coração - despedaçado -, os olhos verdes, o corpo esculpido por músculos e toda aquela estrutura torneada irresistível, o toque macio, as palavras doces e o jeito inconfundível e romântico de ser, nada disso me pertencia, e por um lado, me fazia muito bem saber disso.
As noites românticas demais e a falta de atitude eram mentira, os beijos mais ou menos não seguiam aquele padrão, o cheiro não era sempre o mesmo, as roupas que se adequavam exatamente ao jeito que eu queria sumiram. Por incrível que pareça, eu me apaixonei de verdade, mas não por aquele menino construído nos meus sonhos desde pequena, e sim pelo real e defeituoso, aquele que realmente me daria prazer em amá-lo, novamente, mesmo que ele não soubesse.