14 de nov. de 2010

longa onda de calmaria

Uma grande lucidez estabeleceu-se sobre mim, o ar sereno continuava a rodopiar entre meus braços e eu pude sentir um leve arrepio. As coisas pareciam ficar cada vez mais belas quando eu pude notar que meus dentes estavam à mostra – num sorriso.

Seus olhos castanhos arredondados brilhavam mais que a lua atrás de seu corpo, e eu podia sentir seu peitoral encostar-se a mim, definido, porém delicado, algo que realmente me encantava demais. Seus traços genuínos me traziam uma longa onda de calmaria e paz interior, me fazendo desejar que aquilo durasse para sempre. O jeito como ele olhava e acariciava meu rosto e depois como ele selava seus lábios finos e quentes aos meus, o jeito como ele sentava, ou como ele passava os braços em torno da minha cintura, só pra me fazer me sentir segura. Todos esses e mais um milhões de pontos me faziam acreditar que aquilo não podia acabar, o meu amor só crescia e ao mesmo tempo, me fazia odiar a situação.

Amar incontrolavelmente alguém, no meu caso, era um problema. Eu sou leviana, me deixo levar facilmente e geralmente isso acaba em mágoa e coração partido, básico, meu. Mas agora eu estava transbordando e deixando transparecer, pra quem quisesse ver, que eu poderia morrer de felicidade. Todos os meus dias com ele eram completamente bons, agradáveis e conforme eles passavam, eu me sentia mais completa.

Não sei como vai ser daqui pra frente, mas vai ser bom, sem mágoas e máscaras.

3 de nov. de 2010

não demonstrava exibicionismo

Todas as luzes ofuscavam sobre meus olhos, tudo o que eu podia enxergar era uma grande multidão de pessoas muito próxima de mim, todas as meninas remexiam o quadril muito bem, umas melhores, mas todas faziam. Os meninos iam à busca da que parecesse mais “fácil” de se conquistar, e elas tinham certeza que sairiam dali beijado pelo menos, uma boca. Entretanto eu não era como todas as outras, eu estava ali por um sutil motivo, tentar não adentrar ainda mais fundo na minha tristeza inesgotável. Minhas amigas sempre me arrastaram pra todos os cantos possíveis, embora eu não fosse muito do tipo que adora sair, como elas, eu sempre fui a mais recata, ou melhor, a menos sociável, eu nunca fora a primeira a fazer novas amizades, tampouco a de escolher qual seria o programa do final de semana, eu simplesmente era avisada, e o combinado estava pronto, o fds esquematizado e elas esperavam ansiosamente para que chegasse, ao contrário da minha pessoa.

Naquela noite os rapazes pareciam realmente atraentes, principalmente aqueles que não devoravam as garotas com os próprios olhos, e sim os que procuravam se movimentar em um canto, juntos, sem mais. Havia um em especial, com o cabelo castanho claro e os olhos bem escuros, pelo o que a luz me possibilitava ver. Ele se vestia adequadamente ao clima e não demonstrava exibicionismo -o que eu mais odeio em garotos- e parecia ser completamente educado, pelo menos ao longe.

As meninas, sem motivo, começaram a se aproximar da roda onde eles se encontravam, e eu pude ver com mais clareza seus traços finos, e extremamente bonitos. Por uma pequena fração de segundos nossos olhares se cruzarem horizontalmente, e eu pude ver que ele notara meus lábios, pois pelo pouco tempo em que nos olhávamos, eu pude perceber que ele não retirou seus olhos quase esverdeados do batom A45 que eu havia encomendado recentemente.

As luzes mudavam seu curso ligeiramente e se cruzem zilhões de vezes no mesmo lugar, preenchendo um percurso um tanto cansativo pra quem as enxergava. Ele parecia copiar meus gestos, e para ter certeza, resolvi mudar meu jeito de parar, só pra checar, e pude realmente confirmar, ele estava me copiando. O que me fez rir graciosamente pra ele, e levar meus dedos a frente de meus lábios, sem encostar, é claro. Ele fez igual. E quando uma brisa leve passara por entre minhas pernas – quase nuas – preenchidas por apenas uma saia alta nude, e o meu salto cambalear um pouco com o apoio recente que encontrei para minhas pernas, ele estava parado ao meu lado. Exibindo seus dentes brancos e perfeitamente alinhados dentro de sua boca carnuda e devo confessar, sexy.

Não sei exatamente porque eu me encontrava no canto oposto de onde eu estava anteriormente, mas eu sabia que algum instinto, ou um impulso maior, vindo de dentro do meu coração, me deu a insensata certeza de que eu poderia confiar nele, e segundos após aqueles, eu estava de pé, dividida por suas pernas, próxima demais aos seus lábios para poder resistir, e nós nos beijávamos, encantadoramente.