14 de jul. de 2010

crescer, querido diário I

---x postagem dupla, com continuação.

Ela queria crescer, queria ser independente de seus pais e fazer tudo sozinha. Queria não ouvir mais broncas por não ter feito uma lição, queria poder pegar seu cartão de crédito na hora que a atendente do caixa perguntasse a forma de pagamento, mas ela sabia que demoraria um bocado pra isso acontecer.

Mas finalmente aconteceu, começou pelo menos, ela tinha 16 agora. Podia ir aos bares mais badalados da cidade, às boates mais lotadas, era tudo uma questão de impressão, ela tinha dezesseis, mas aparentava dezoito.

Quando somos jovens, sempre queremos aparentar mais idade do que realmente temos, é sempre bom, ajuda bastante pra entrar em locais digamos que “meio proibidos” pra nós, mas como sempre, conseguimos.

Ela sempre quis entrar naquele barzinho que o Pedro falava que era legal, mas ela não podia, então agora ela se arruma, coloca uma saia alta preta, uma regata branca e váaaarios acessórios, lota o rosto de maquiagem, muito blush, um traço forte de lápis e uma sombra mais adulta, e não tão feminina como costumava passar a uns meses atrás. Seca os lisos e pesados fios castanhos alourados, e joga o cabelo pro lado, ela agradecia por poder simplesmente fazer isso com seu cabelo, enquanto muitas de suas amigas teriam de passar chapinha, não que ela não passasse, apenas na franja é claro.

Os dias passaram mais rápidos e ela finalmente conseguia fazer o que queria, o que desejava, programa viagens para apartamentos de praia dos amigos, acampamentos, viagens pra fora do país, agora ela sentia mesmo na pele o que era assumir seus, no mínimo, dezesseis. Mas com mais liberdade, vinha também mais responsabilidade, ninguém pode negar que essa é uma idade perigosa e muito comum pra se pensar em sexo, mas isso não entrava na SUA cabeça, mas acredite, os meninos dessa idade pensam completamente diferente do que eles pensavam quando tinham um ou dois anos atrás, mesmo se fazendo de adultos, a moral ainda não existe na hora “H”.

Agora era diferente, ele a beijaria, seriam fofo e algum instante depois, a levaria pra cama, um descuido se quer e daqui a 9 meses ela não seria mais a mesma. Não posso negar e nem esconder, todos nós, a partir dos quatorze anos, já se imagina no exato momento, fala sério, nossos pais nos fizeram assim, uma hora ou outra, nós estaremos fazendo isso também, com a intenção voluntária, ou infelizmente, involuntária.

Não que seja obrigatório, não, muito menos necessário pensar nisso, se você nunca pensou, tudo bem, não se ache atrasado ou qualquer coisa do tipo, você está mais certo do que aqueles da sua turma que acham que tem idade suficiente pra levar alguém pra cama e depois que a engravidam, não se lembram do porque fizeram isso, é claro, esses são os mais ridículos de todos, não merecem nem lamentação, só tenho dó de como essa criança vai crescer.

Uma viagem longa pra fora de casa e por dentre apartamentos e casas noturnas de shows, ela crescia um pouco mais mentalmente, mas seu corpo também queria crescer. Seus seios pareciam maiores e ela achava necessário um novo tamanho de manequim, suas pernas se alongaram, seu bumbum já era mais do que palpável, para os meninos é claro.

Ela tinha um diário pessoal ainda, não sabia como se livrar daquele maldito caderno estilo americano com as linhas bem desenhadas, ela achava aquilo um pouco demais pra sua idade, mas continuava a escrever tudo, assim que encerrava seu dia, preparava-se pra dormir e antes mesmo de adormecer, não posso dizer que escrevia os melhores momentos, porquê talvez eles fossem ruins, mas escrevia os mais importantes pra serem lembrados sem se esquecer de nenhum detalhe:

“Querido, ou nem tanto, diário.

Hoje eu e a Megan fomos pra uma boate, lá era muito legal e tinha muitos meninos bonitos, acredite, eu não estou tão velha pra “paquerar” como dizem meus pais, eu só queria me divertir. Eu pedi uma dose de wisky e o rapaz que estava ao meu lado pediu uma também, juntamente com a minha, ele disse pagaria depois. Nós fomos dançar juntos enquanto a Meg estava encostada em algum lugar com o Billy. Nós dançamos e no final sentamos pra conversar no balcão, o nome dele é Simon e ele tem 17 anos, ele está na faculdade e trabalha no restaurante do tio em alguns dias da semana, até me convidou pra ir lá um dia. Isso me pareceu muito gentil e legal, vou contar do físico, e quuuuuue físico que ele tinha. Ele não era tão alto, devia ter entre 1,75 e 1,80, olhos verdes, cabelo castanho e muito bíceps, meu deus que braços eram aqueles? *-* Ele pagou nossos drinques e fomos pro hotel, a Meg ia pra casa do Billy hoje a noite, eu nem vou falar nada sobre isso, você já deve imaginar não é mesmo? Enfim, estava chovendo e nós não tínhamos muita opção, fomos na chuva mesmo, chegando lá ele me emprestou uma camisa dele e tomamos chocolate quente com chantilly, e que por sinal estava muito saboroso. O pior de tudo foi que depois do chocolate, eu fui ver o quarto dele, super arrumadinho, muito bonito e ele tem cara de bem estudioso, haha, mas eu me deitei na cama dele, estava cansada demais pra me manter em pé, e quando acordei, fui me lembrar de tudo: nós tomamos uma garrafa inteira de champagne, eu estava com muita dor de cabeça pra negar isso, e eu estava sem roupa, absolutamente sem roupa, se é que me entende! DDDDDDD: eu estou desesperada, não sei o que eu faço, eu não consigo me lembrar se ele usou ou não camisinha, eu não tenho o telefone dele, eu nem sei como cheguei até em o hotel e como estou usando um suéter preto e meu jeans quase favorito, isso era quase impossível de lembrar, eu já tomei remédio e estou esperar a camareira arrumar o quarto, eu vou pedir o almoço aqui mesmo, não estou com muita cara pra ir até o restaurante. Hoje a noite eu vou pedir pra Meg me acompanhar até o restaurante do tio dele e vou ver se o encontro lá, eu preciso falar com ele. E não posso negar, ele é realmente irresistível. Vou parar por aqui, antes que eu me lembre de algo que nem você deve saber, acredite, estou pasma até agora.”

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