29 de ago. de 2010

recém chegada

Ela estava à procura de uma direção nova, talvez uma nova estrada sem buracos ou uma cheia de terra e muitas, muitas flores ao redor.

Seguia com passos leves e vagarosos, mas com sede de viver – enorme. O sol brilhava e irradiava seus olhos, mostrando muito amor pra dar e busca pela felicidade. Me entende?

Passou a acelerar um pouco o corpo a frente dos passos, tentando enxergar o futuro, o próximo, nem tão próximo assim. Demorara um bom bocado pra chegar ao destinado concluído, selecionado. Seus longos e esvoaçantes fios louros percorriam sua face, sem deixar muito pra se ver, o piscar de seus olhos azuis-piscinas e seu sorriso alinhado, bem cuidado e branqueado, tudo isso simbolizava o quanto ela conjecturava o que viria.

Finalmente chegou onde queria. A cidade não era muito grande, mas parecia ser muito bem habitada – seus olhos se encheram ainda mais de esperança – encontrar o que ela queria podia ser fácil ou difícil, ela fazia essa escolha.

Ao encontrar sua nova residência, pouco espaço, mas aconchegante o suficiente para ela e futuras visitas, ou moradores? Ela não sabia, era longe demais pra prever, ir devagar era uma das suas qualidades, mas não devagar demais, não pense que ela é tipo moda antiga ok. Tudo muito ajeitado, sua cama possuía uma cabeceira incrivelmente patinada, e uma flor central. A luz que entrava pela janela lhe lembrara suas ultimas férias na praia, refrescante e sem precedentes. Arrumou suas roupas e saiu para passear, a rua era calma e pra sua felicidade generosa, havia uma sorveteria logo no final dela.

Entrou, hesitou por um segundo – estava em pé em frente a porta, com seus shorts jeans curtinho, chinelo trabalhado e uma camiseta qualquer, óculos de sol e ajeitando o cabelo – seguiu. Foi até ao balcão, “um picolé de abacaxi, por favor” e só depois disso percebeu quão belo era o atendente que estava pronto para pegar seu sorvete, hesitou novamente, dessa vez mais rapidamente e o encarou, de forma suave. Sentou em uma mesa no quanto, porém próxima ao balcão, aproveitou a situação para escutar alguma música em seu IPod. Voltou ao balcão, dessa vez ao caixa, e pagou pelo sorvete e pediu uma água, do tipo trincando, o calor estava insuportável, realmente.

Terminou seu passeio por adiante em umas lojinhas pequenas, e voltou para casa, sabia que seria um ótimo lugar pra morar e mais, teria uma visita constante, se dependesse dela.

23 de ago. de 2010

Era pra ser inesquecível, forte e marcante. E fora maravilhoso, incomparável, menos pra ela. Lágrimas sobre seu vestido balonê, a maquiagem subitamente borrada e os pés cheio de calos, as unhas descascadas e mal feitas, o cabelo preso de qualquer jeito e o perfume, parecia vencido. Para todos seria o melhor dia de suas vidas, mas para ela, fora apenas mais um.

21 de ago. de 2010

culpa? insignificante

Devo-lhe perdão por ser tão incontrolável, principalmente recentemente, que tenho sido deselegante de forma mal educada. A sobreposição dos fatos em minha mente tem ficado um pouco embaralhada, de forma que só tenho conseguido fazer/ser uma coisa por vez, não pude conciliar ser fofa com pensar, perdoe-me novamente.

O fato de brigar com milhares de pessoas, por uma única e singela força de pensamento minha, só minha, e querer ir contra tudo o que todos dizem isso tem me feito muito mal, mas fazer o que, eu sou covarde, eu não sei mudar, ego.

Desprovida de informações frescas, com a mente fora da realidade e apenas tendo uma ideia fixa sobre o que estava ao meu redor, chega de devanear, vou explicar.

Lembra-se do dia em que saímos indiretamente juntos? Onde mais algumas mentes no acompanhavam, por um pequeno passeio por aí? Pois então, foi nesse dia em que você me disse algo estranho, talvez comprometedor de alguma forma, me lembro claramente na sua voz aguda, porém adocicada me balbuciando palavras conjuntas, formando um contexto brusco demais pra digerir rapidamente. “Não há nada que me faça mudar de ideia, isso é fixo em mim, eu quero você muito mais do que quero continuar vivendo! Tem noção do que isso possa significar?” e eu soletrei lentamente, não querendo ser rude, mas simples e direta “Não faço ideia.” E dessa maneira foi como continuamos até hoje, esse exato momento, que você sentou em minha frente e segurou meus dedos, juntamente com a minha mão, morna nesta exata ocasião, em que você pedia pra eu ser menos rude contigo.

Só lhe dou um ps.: eu sou assim, o jeito como eu faço ou encaro as coisas é relativamente divertido – no meu ponto de vista, é claro – mas posso imaginar que te faça sofrer, um bocado que seja. Peço-lhe perdão novamente, ridiculamente idiota, eu sou. Sinto-me culpada, mas não estou mal por isso.

15 de ago. de 2010

orgulho, eu e você

Eu esperava ansiosamente por um abraço, por um oi ou qualquer aceno disfarçado, não me importaria, receber já me faria sorrir. Eu olhava por entre os fios mais longos da minha franja, que caia sobre meus olhos, aquele lindo rosto retangular, com o cabelo mel acastanhado, os olhos quase verdes e os dentes modulados por aparelho.

Algo o impossibilitava de vir até mim, mesmo que eu soubesse que ele desejava, era algo mais forte que sua tentação e o cobria distante de mim, camuflado por amigos e meninas, odeio-as. Um impulso me fez avançar, senti meus pés leves, porém dominados por algo, que me levavam até lá, e por uma força extraordinária que eu não sabia qual era e de onde vinha – vinha de dentro de mim, mas não sei especificamente de qual lugar, se era do meu coração, ou da minha razão – eu empurrei uma delas, e a fiz derrubar os livros por todo o chão, e de forma deselegante, saí de lá.

Enquanto o Sr. Helkem dava sua aborrecedora aula de História, eu pensava no que teria o feito parar do outro lado do corredor e não vir até mim, qual seria o motivo pelo qual ele não me cumprimentou, ou simplesmente acenou. Poucos 5 minutos antes do fim da aula e do agradável, porém ensurdecedor som do sino, eu entendera o porquê de tudo, agora simplesmente fazia sentido. Levantei-me, fui até o fim da sala e, fazendo a porta do armário ranger sem querer para abrir, peguei o dicionário e procurei.

orgulho s. m. 2. Soberba ridícula.

O que o fizera ficar lá, ridiculamente parado ao lado de seu armário, era nada mais do que orgulho. Estúpido, imbecil, fútil, intolerante, imoral. De maneira alguma ele merecia meu descontentamento, ou qualquer coisa que viesse de dentro, ou pulasse pra fora, de mim. Ele estava simplesmente sendo retirado de dentro de meu sentimentos, mentira. Eu o amava, o suficiente pra não esquecê-lo. Tola.

14 de ago. de 2010

era tudo em minha mente

Eu precisava de um tempo pra processar todas as informações recentes, os desacordos e as idas e vindas feitas. Necessito de um tempo para realizar – pensei.

Quando eu me sentara no extenso e aconchegado gramado, com uma fina camada que ainda restara do orvalho, eu me lembrava da sua imagem, como um espaço vago e intolerável no meu coração, uma memória sem força, uma fina linha destruída.

O céu estava consideravelmente bonito naquela tarde, o sol não brilhava tanto, as nuvens brandas e deformadas o cobriam, mas não o impossibilitavam de chegar até mim, por algum raio fino, curto.

O nosso último momento cercava meus pensamentos. Seu toque, seu cheiro, o sabor incontestável do seu beijo, o abraço confortante, sua voz invadindo meus ouvidos, era tudo em minha mente, e de lá não sairia jamais.

Mas como nem tudo é perfeito, eu infelizmente me lembraria da parte ruim de tudo isso. Você deixando uma única densa e salgada lágrima escorrer pela minha quente e avermelhada bochecha, o último selar dos nossos lábios, você dizendo que não queria, mas teria de partir. Isso só fez com que mais lágrimas rolassem pelo meu rosto, incontroláveis. Perdoe-me por amar você.

12 de ago. de 2010

saia rodada e uma noite longa

Tinha os cabelos louros e os olhos azuis, os cílios compridos e alinhados, simétricos. E ele? Não havia ele, era apenas ela, sem mais. Sorria pro espelho e ele retribuía, educadamente, como ela, ajeitada os cantos do lábio, que tinham excesso exagerado de batom vermelho queimado, deixando uma marca de batom no pequeno estilhaço do vidro, ajeitando o salto e desarmando a saia, seguiu. Aquela noite era dela, deveria ser.

Descera a escada caracol até a porta de sua casa, preparava-se no carro e dava sempre uma ajeitadinha na maquiagem, mas sem permiti – lá à defeitos, não suportava defeitos, inadmissíveis, presentes.

Entregou seu ingresso ao segurança que mantinha a porta alta, e com uma maçaneta bronze quase escondida, permaneceu ali por um segundo, esperando olhares, sempre os recebia.

Ela estava sozinha e não tinha medo disso, esperava até que a olhassem mais por isso, seduzia os garotos com seus quadris alongados e suas pernas à mostra, seus olhos brilhavam feito luar, e não era só de felicidade, era maquiagem, das boas. A noite era aquela, o momento não sabia, mas seria extenso.

8 de ago. de 2010

seu inferno particular

Sentada no canto do cômodo, com a luz apagada e o breu contendo sua alma, seu rosto estava quente e avermelhado, entretanto, suas mãos estavam frias e soadas, o lápis que ainda restava em seus olhos, estava borrado, seu cabelo estava desarrumado e seu moletom, molhado pelas lágrimas salgadas que nele respingavam, estava abraçando suas pernas, tentando esconder um pedaço de seu rosto.

Um pedaço de seu coração estava partido, e o outro nem existia mais, era como se ele fosse um papel de seda, muito fino e delicado, qualquer movimento brusco ou uma ação descuidada o rasgaria, é como ela sentia seu coração, rasgado ao meio.

Dentro de seus olhos era possível enxergar sua alma, vazia e solitária, pedindo socorro. Seu corpo estava fraco, ela não comera a dias, seus pais nem se importavam, pensavam que aquilo era completamente normal pros seus atuais quinze anos.

Nem ela mesma sabia que poderia sofrer tanto por alguém, como estava sofrendo, era simplesmente desencorajador pra si mesma, ela não tinha vontade de nada, à não ser chorar. Seu coração queria gritar, queria parar, mas não podia.

O dia sempre acabava com o por do sol e a rotineira manhã na escola, e a tarde o mesmo canto, os mesmos pensamentos, a mesma cena, e isso se repetia ao longo do ano, sem fim. Era seu inferno particular, devia admitir.

3 de ago. de 2010

sem exceções, era ele

Eu queria poder mandar em meu coração, coordenar meus sentimentos e seguir meus sentidos racionais, mas não era possível, infelizmente. Eu acordara mais cedo do que o despertador me faria levantar, estranhei. Abri a porta do meu banheiro tentando não fazê-la ranger, como era de costume, umedeci meu rosto com água morna que vinha corrente pela torneira que simbolizada Q. Fui até minha estante, eu largara meu notebook ligado durante a madrugada, provavelmente teria algumas mensagens por lá. Pensei que possivelmente teria algumas mensagens pra checar, mas não esperava por tanto.

Levantei a tela com cuidado, percebi que o volume do som estava mudo e abri as janelas que piscavam, agredindo violentamente minha visão, eu estava sem meus óculos, do qual eu era praticamente inseparável. Havia uma janela que me chamara mais atenção que as demais “Luiz diz...”, foi então que cliquei sobre ela e percebi que eu deveria sentar, pois demoraria um bocado pra ler. Eu estava um pouco magoada, comigo mesmo talvez, eu não sabia o que possivelmente ele poderia ter escrito, poderia estar até mesmo me xingando, pelo fato de eu ter passado reto por ele e sem querer, quase querendo, dei com a mochila em seu estômago algumas horas atrás, na escola.

“Fer, eu queria poder estar em sua mente pra entender o que se passa nela, sério! Desculpa-me por simplesmente não ser o cara perfeito e ignorar seus sentimentos, eu só não queria te magoar antes de ter certeza do que eu sentia por você e pela Ju, e hoje eu tenho certeza, eu pensei pela madrugada inteira, e dormi muito pouco, apenas pra conservar a beleza haha. Eu queria conversar com você, a sós, hoje na escola! Se você puder me encontrar depois do último sinal, atrás da terceira árvore do pátio, me manda uma mensagem, e se não puder, simplesmente não mande, eu vou entender perfeitamente se não quiser. Até mais, beijos.”Eu o encontraria, eu realmente precisava escutar da boca dele, qualquer sentimento que fosse, seja por mim ou pela Juliana, eu queria mesmo tentar colocar um ponto final nesse nosso rolo amoroso que não é tão amoroso como deveria. Eu tinha um complexo terrível por querer sempre que as coisas tivessem um fim, porque eu sabia que era pra ser assim, desde pequena. Eu me vesti como todos os dias e coloquei o meu jeans skinny meio rasgado no joelho, a camiseta da escola e um suéter azul marinho com um emblema americano no canto esquerdo, sobre meu peito. Fiz o make simples que eu havia inventado no começo do ano letivo, e peguei meu material.

Após aguentar as mesmas irritantes e tediantes aulas de sempre, fui ao encontro tão cobiçado com Luiz, nós conversamos muito, com direito a palavrões, choro imediato e carinhos. A emergente e mais recente memória que eu tivera era de um beijo profundo, quente e carinhoso, que não abria exceção para comparações, era único, era dele.

2 de ago. de 2010

obrigada por me confortar

Era uma noite muito fria, eu não sabia ao certo o que fazer. Eu estava encolhida no canto do sofá, em frente à lareira tentando aquecer meu corpo, de qualquer forma. Eu não estava tão bem vestida, de acordo com o clima, e graças a isso eu tremia, como se estivesse com medo de algo por fora da janela, coberta com a grande e pesada cortina marrom aveludada que minha mãe havia ganho de presente de meus avós, falecidos.
Meu corpo sentiu uma sensação horrível, e um arrepio solene, eu estremeci meus lábios e segurei meu celular - depositado em minha mão esquerda, sobre o peito - com mais força.
Quando fechei os olhos, na esperança de passar aquele insípido frio, senti uma vontade imensa de chorar, aquele choro que dá dor de cabeça, que franze os olhos e você sente até o fundo de sua alma doer, mas algo diferente, pelo qual eu não esperava, chamou minha atenção. Meu celular tocou.
- Alô?
- Oi Marrie! - era a voz doce e suave do Simon, para a minha surpresa.
- Tudo bom?
- Tudo e você? - eu estranhara o motivo da ligação dele.
- Também!
- Por que você tá me ligando? só por curiosidade mesmo. - eu gargalhei.
- Eu tô morrendo de frio e tô aqui na porta da sua casa.
- O que? - por um momento eu hesitei.
- Você pode abrir a porta pra mim? Eu não vou tocar a campainha porquê já está tarde..
Eu andei até a porta, lentamente, pelo fato de minhas pernas estarem cambaleando. A abri e ele realmente estava lá, parado em cima do tapete verde musgo com um desenho floral, com o celular em sua mão. Nós entramos e sentamos em frente a lareira, quietos. Ele me encarou e eu o fiz de volta, ele se aproximou e eu repeti o gesto, mas era muito estranho ele estar em minha casa às duas da manhã, num sábado gelado como aquele.
- O que você veio fazer aqui, afinal?
- Eu precisava de um abraço seu, pra dormir confortado, e antes te liguei pra ouvir sua voz e me sentir mais calmo, eu briguei com os meus pais e vou dormir na minha avó, que é a uma quadra daqui, você sabe.
- Tudo bem, então acho que é melhor você ir, ela deve estar te esperando.
- Não me quer por aqui? - ele fez um gesto triste e melancólico.
- Quero, quero muito. Mas meus pais, seus pais, sua avó, acho que não é certo você ficar aqui agora, só isso.
- Eu já estou indo, fica tranquila. Eu só acho que você podia demonstrar mais compaixão por mim, eu poderia ter ido na casa de qualquer outra pessoa e pedido abraço à ela, mas eu vim aqui e pedi a você. - ele foi realmente muito fofo.
- Mas você só veio aqui, porque é perto da sua avó. - eu quis irritá-lo.
- Não, eu vim porque te amo!
Eu o abracei e o acompanhei até a porta, eu sabia que dormiria bem aquela noite.

1 de ago. de 2010

sob a cama eu permaneci pra sempre

Ela andara, percorrendo ao todo três quarteirões, pequenos e quadrados, desviando de árvores plantadas pela calçada. Chegara até uma farmácia e comprava vários remédios, todos lhe estranharam por isso, mas ela apenas dizia que era à pedido de sua mãe. Chegou à sua casa, fechou-se em seu quarto. Jessy abrira um documento novo no Word, e começara a escrever intensamente, mas sem saber o que, ou se fazia sentido.

“Hoje eu quero te dizer, quero esvaziar pra fora do meu peito a sensação desgastante de te amar incondicionalmente, acima de qualquer coisa, e não estou dizendo isso da boca pra fora. Eu realmente estou me cansando de passar todas as minhas noites em claro molhando meu travesseiro, tendo que gastar quilos de corretivo na manhã seguinte só pra uma tentativa – falhada – de esconder minhas olheiras.

Você é um idiota, mas é lindo, tem os cabelos louros mais lindos de toda Sealth High e vizinhança, os olhos azuis mais parecidos com o oceano, a pele mais lisa que pêssego e o sorriso mais cativante entre todos que eu já avistei. Mas você é arrogante, imbecil, mal educado e se acha muito superior a todos que o cercam. Você tem as roupas mais bonitas e bem escolhidas, como se fosse sua mãe que experimentasse por você e te entregasse na saída do provador. Você é um conquistador barato, e joga seu incrível e viciante charme para todas que quiserem tentar (lê-se serem enganadas).

Eu não tenho muito que lhe dizer, a não ser o quanto eu sou apaixonada por você, eu não subestimo meu sentimento, nem a ponto de compará-lo com o qual eu sinto pelos meus pais, eles não chegariam ao seu pé, quer dizer, eu não os amaria tanto como amo você! Hoje eu sei que quando se ama alguém com todas as suas forças, você está pedindo uma sentença de morte, sem hesito.

Eu não lhe agradeço por existir, pelo contrário, eu preferiria nunca ter visto você, nunca ter me apaixonado intensamente e irrevogavelmente por ti. E a infeliz situação de você não sentir absolutamente NADA por mim, me enlouquece. Eu não me importaria se fosse ódio, raiva, nojo, ou qualquer sentimento avesso ao meu. Mas eu queria, queria muito que você pudesse saber quem eu sou, e o que eu sinto por você.

Escrevo essa carta pra deixar claro à todos, ou ao menos aos meus pais que não tenho mais forças pra simplesmente nada, e que se o mundo desabasse e eu estivesse em baixo, não seria problema algum, eu estaria agradecida de salvar algumas pessoas, que possivelmente poderiam estar em meu lugar. Então eu lhe peço, se um dia você ler essa carta, não me odeie por não ter lhe contado nada, eu sei que você não sentiria nada por mim, nem ontem, nem hoje e nem amanhã, se o amanhã fosse existir pra mim. Adeus.”

Ela estava segurando uma garrafa comprida de água, tomou todos os comprimidos que havia comprado mais cedo, misturando milhares de componentes fortes e os colocou sobre a mesinha de cabeceira, pegara uma tesoura afiada que sua mãe usava pra costura.

A carta estava impressa e dobrada em várias partes, ela a segurava com muita força. Todos nós sabemos o que aconteceu após isso. Os pais de Jessy encontraram o menino pelo qual ela era apaixonada e o entregaram a carta, no fundo, eles sabiam que ele não tinha culpa de nada, só lamentariam pelo resto de suas vidas uma perda tão próxima.