1 de ago. de 2010

sob a cama eu permaneci pra sempre

Ela andara, percorrendo ao todo três quarteirões, pequenos e quadrados, desviando de árvores plantadas pela calçada. Chegara até uma farmácia e comprava vários remédios, todos lhe estranharam por isso, mas ela apenas dizia que era à pedido de sua mãe. Chegou à sua casa, fechou-se em seu quarto. Jessy abrira um documento novo no Word, e começara a escrever intensamente, mas sem saber o que, ou se fazia sentido.

“Hoje eu quero te dizer, quero esvaziar pra fora do meu peito a sensação desgastante de te amar incondicionalmente, acima de qualquer coisa, e não estou dizendo isso da boca pra fora. Eu realmente estou me cansando de passar todas as minhas noites em claro molhando meu travesseiro, tendo que gastar quilos de corretivo na manhã seguinte só pra uma tentativa – falhada – de esconder minhas olheiras.

Você é um idiota, mas é lindo, tem os cabelos louros mais lindos de toda Sealth High e vizinhança, os olhos azuis mais parecidos com o oceano, a pele mais lisa que pêssego e o sorriso mais cativante entre todos que eu já avistei. Mas você é arrogante, imbecil, mal educado e se acha muito superior a todos que o cercam. Você tem as roupas mais bonitas e bem escolhidas, como se fosse sua mãe que experimentasse por você e te entregasse na saída do provador. Você é um conquistador barato, e joga seu incrível e viciante charme para todas que quiserem tentar (lê-se serem enganadas).

Eu não tenho muito que lhe dizer, a não ser o quanto eu sou apaixonada por você, eu não subestimo meu sentimento, nem a ponto de compará-lo com o qual eu sinto pelos meus pais, eles não chegariam ao seu pé, quer dizer, eu não os amaria tanto como amo você! Hoje eu sei que quando se ama alguém com todas as suas forças, você está pedindo uma sentença de morte, sem hesito.

Eu não lhe agradeço por existir, pelo contrário, eu preferiria nunca ter visto você, nunca ter me apaixonado intensamente e irrevogavelmente por ti. E a infeliz situação de você não sentir absolutamente NADA por mim, me enlouquece. Eu não me importaria se fosse ódio, raiva, nojo, ou qualquer sentimento avesso ao meu. Mas eu queria, queria muito que você pudesse saber quem eu sou, e o que eu sinto por você.

Escrevo essa carta pra deixar claro à todos, ou ao menos aos meus pais que não tenho mais forças pra simplesmente nada, e que se o mundo desabasse e eu estivesse em baixo, não seria problema algum, eu estaria agradecida de salvar algumas pessoas, que possivelmente poderiam estar em meu lugar. Então eu lhe peço, se um dia você ler essa carta, não me odeie por não ter lhe contado nada, eu sei que você não sentiria nada por mim, nem ontem, nem hoje e nem amanhã, se o amanhã fosse existir pra mim. Adeus.”

Ela estava segurando uma garrafa comprida de água, tomou todos os comprimidos que havia comprado mais cedo, misturando milhares de componentes fortes e os colocou sobre a mesinha de cabeceira, pegara uma tesoura afiada que sua mãe usava pra costura.

A carta estava impressa e dobrada em várias partes, ela a segurava com muita força. Todos nós sabemos o que aconteceu após isso. Os pais de Jessy encontraram o menino pelo qual ela era apaixonada e o entregaram a carta, no fundo, eles sabiam que ele não tinha culpa de nada, só lamentariam pelo resto de suas vidas uma perda tão próxima.

Nenhum comentário:

Postar um comentário