2 de ago. de 2010

obrigada por me confortar

Era uma noite muito fria, eu não sabia ao certo o que fazer. Eu estava encolhida no canto do sofá, em frente à lareira tentando aquecer meu corpo, de qualquer forma. Eu não estava tão bem vestida, de acordo com o clima, e graças a isso eu tremia, como se estivesse com medo de algo por fora da janela, coberta com a grande e pesada cortina marrom aveludada que minha mãe havia ganho de presente de meus avós, falecidos.
Meu corpo sentiu uma sensação horrível, e um arrepio solene, eu estremeci meus lábios e segurei meu celular - depositado em minha mão esquerda, sobre o peito - com mais força.
Quando fechei os olhos, na esperança de passar aquele insípido frio, senti uma vontade imensa de chorar, aquele choro que dá dor de cabeça, que franze os olhos e você sente até o fundo de sua alma doer, mas algo diferente, pelo qual eu não esperava, chamou minha atenção. Meu celular tocou.
- Alô?
- Oi Marrie! - era a voz doce e suave do Simon, para a minha surpresa.
- Tudo bom?
- Tudo e você? - eu estranhara o motivo da ligação dele.
- Também!
- Por que você tá me ligando? só por curiosidade mesmo. - eu gargalhei.
- Eu tô morrendo de frio e tô aqui na porta da sua casa.
- O que? - por um momento eu hesitei.
- Você pode abrir a porta pra mim? Eu não vou tocar a campainha porquê já está tarde..
Eu andei até a porta, lentamente, pelo fato de minhas pernas estarem cambaleando. A abri e ele realmente estava lá, parado em cima do tapete verde musgo com um desenho floral, com o celular em sua mão. Nós entramos e sentamos em frente a lareira, quietos. Ele me encarou e eu o fiz de volta, ele se aproximou e eu repeti o gesto, mas era muito estranho ele estar em minha casa às duas da manhã, num sábado gelado como aquele.
- O que você veio fazer aqui, afinal?
- Eu precisava de um abraço seu, pra dormir confortado, e antes te liguei pra ouvir sua voz e me sentir mais calmo, eu briguei com os meus pais e vou dormir na minha avó, que é a uma quadra daqui, você sabe.
- Tudo bem, então acho que é melhor você ir, ela deve estar te esperando.
- Não me quer por aqui? - ele fez um gesto triste e melancólico.
- Quero, quero muito. Mas meus pais, seus pais, sua avó, acho que não é certo você ficar aqui agora, só isso.
- Eu já estou indo, fica tranquila. Eu só acho que você podia demonstrar mais compaixão por mim, eu poderia ter ido na casa de qualquer outra pessoa e pedido abraço à ela, mas eu vim aqui e pedi a você. - ele foi realmente muito fofo.
- Mas você só veio aqui, porque é perto da sua avó. - eu quis irritá-lo.
- Não, eu vim porque te amo!
Eu o abracei e o acompanhei até a porta, eu sabia que dormiria bem aquela noite.

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