15 de ago. de 2010

orgulho, eu e você

Eu esperava ansiosamente por um abraço, por um oi ou qualquer aceno disfarçado, não me importaria, receber já me faria sorrir. Eu olhava por entre os fios mais longos da minha franja, que caia sobre meus olhos, aquele lindo rosto retangular, com o cabelo mel acastanhado, os olhos quase verdes e os dentes modulados por aparelho.

Algo o impossibilitava de vir até mim, mesmo que eu soubesse que ele desejava, era algo mais forte que sua tentação e o cobria distante de mim, camuflado por amigos e meninas, odeio-as. Um impulso me fez avançar, senti meus pés leves, porém dominados por algo, que me levavam até lá, e por uma força extraordinária que eu não sabia qual era e de onde vinha – vinha de dentro de mim, mas não sei especificamente de qual lugar, se era do meu coração, ou da minha razão – eu empurrei uma delas, e a fiz derrubar os livros por todo o chão, e de forma deselegante, saí de lá.

Enquanto o Sr. Helkem dava sua aborrecedora aula de História, eu pensava no que teria o feito parar do outro lado do corredor e não vir até mim, qual seria o motivo pelo qual ele não me cumprimentou, ou simplesmente acenou. Poucos 5 minutos antes do fim da aula e do agradável, porém ensurdecedor som do sino, eu entendera o porquê de tudo, agora simplesmente fazia sentido. Levantei-me, fui até o fim da sala e, fazendo a porta do armário ranger sem querer para abrir, peguei o dicionário e procurei.

orgulho s. m. 2. Soberba ridícula.

O que o fizera ficar lá, ridiculamente parado ao lado de seu armário, era nada mais do que orgulho. Estúpido, imbecil, fútil, intolerante, imoral. De maneira alguma ele merecia meu descontentamento, ou qualquer coisa que viesse de dentro, ou pulasse pra fora, de mim. Ele estava simplesmente sendo retirado de dentro de meu sentimentos, mentira. Eu o amava, o suficiente pra não esquecê-lo. Tola.

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