12 de ago. de 2010

saia rodada e uma noite longa

Tinha os cabelos louros e os olhos azuis, os cílios compridos e alinhados, simétricos. E ele? Não havia ele, era apenas ela, sem mais. Sorria pro espelho e ele retribuía, educadamente, como ela, ajeitada os cantos do lábio, que tinham excesso exagerado de batom vermelho queimado, deixando uma marca de batom no pequeno estilhaço do vidro, ajeitando o salto e desarmando a saia, seguiu. Aquela noite era dela, deveria ser.

Descera a escada caracol até a porta de sua casa, preparava-se no carro e dava sempre uma ajeitadinha na maquiagem, mas sem permiti – lá à defeitos, não suportava defeitos, inadmissíveis, presentes.

Entregou seu ingresso ao segurança que mantinha a porta alta, e com uma maçaneta bronze quase escondida, permaneceu ali por um segundo, esperando olhares, sempre os recebia.

Ela estava sozinha e não tinha medo disso, esperava até que a olhassem mais por isso, seduzia os garotos com seus quadris alongados e suas pernas à mostra, seus olhos brilhavam feito luar, e não era só de felicidade, era maquiagem, das boas. A noite era aquela, o momento não sabia, mas seria extenso.

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